sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A Origem dos Centros Acadêmicos


Movimentos Estudantis : A Origem dos Centros Acadêmicos



Podem-se encontrar traços de movimentos estudantis pelo menos desde o século XV, quando, na Universidade de Paris, uma das mais antigas universidades da Europa, registrou vários movimentos grevistas importantes. A universidade esteve em greve estudantil durante três meses, em 1443, e por seis meses, entre setembro de 1444 e março de1445, em defesa de suas isenções fiscais. Em 1446, quando Carlos VII submeteu a universidade à jurisdição do Parlamento de Paris, eclodiram revoltas estudantis - das quais participou, entre outros, o poeta François Villon - contra a supressão da autonomia universitária em matéria penal e a submissão da universidade ao Parlamento. Freqüentemente, estudantes eram detidos pelo preboste do rei e, nesses casos, o reitor dirigia-se ao Châtelet, sede do prebostado, para pedir que o estudante fosse julgado pelas instâncias da universidade. Se o preboste do rei indeferia o pedido, a universidade entrava em greve. Em 1453, um estudante, Raymond de Mauregart, foi morto pelas forças do Châtelet e a universidade entrou novamente em greve por vários meses. 

No Brasil nas décadas de 60 e 70, o movimento estudantil se transformou num importante foco de mobilização social. Sua força sucedeu da capacidade de mobilizar estudantes para participarem ativamente da vida política do país. Várias siglas ficaram conhecidas como:  UNE (União Nacional dos Estudantes) fundada em 1937, UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) fundada em 25 de julho 1948, e tantas outras que se tornaram marcas na história brasileira. Com seus protestos, reivindicações, e manifestações, tais movimentos influenciaram os caminhos da política nacional.

O golpe militar de 1964 repercutiu no movimento estudantil. A influência das correntes políticas de esquerda levou as autoridades militares a reprimirem as lideranças estudantis. Entretanto, as reivindicações educacionais e manifestações de protesto político contra o governo militar foram as principais bandeiras de luta do movimento na segunda metade da década de 60.
O auge da radicalização dos grupos estudantis ocorreu em 1968, ano marcado por grandes manifestações de rua contra a ditadura militar. De 1969 a 1973, a coerção política atingiu o seu apogeu, quando o movimento estudantil foi completamente desarticulado. Somente em 1974 começaram a surgir os primeiros sinais da recuperação. 

Passo a passo, as principais organizações estudantis foram reconstruídas. Primeiramente surgiram o DCEs-livres (Diretório Central dos Estudantes), e finalmente, em 1979, a União Nacional dos Estudantes (UNE) foi refundada.
A UNE é a principal entidade estudantil brasileira. Representa os estudantes do ensino superior e tem sede em São Paulo. A organização foi fundada em 1937, no I Congresso Nacional dos Estudantes, organizado na Casa do Estudante do Brasil no RJ com apoio do Centro Acadêmico Cândido de Oliveira (CACO) da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro. 

O período de maior atividade da UNE foi entre 1964 e 1968, quando, mesmo na clandestinidade, lutou contra o regime militar. Em 1968, a polícia invadiu o 30º Congresso da entidade que acontecia em Ibiúna, no interior de São Paulo, e prendeu cerca de 800 estudantes. Ainda naquele ano, a UNE mobilizou 100 mil pessoas contra a ditadura na manifestação que ficou conhecida como "Passeata dos Cem Mil".
Hoje, a Une está à frente das principais batalhas dos estudantes brasileiros. Sua principal luta é por uma reforma universitária que garanta a qualidade, democratize o acesso e garanta a permanência dos jovens na Universidade.

Em 1992 a população mais uma vez foi às ruas, desta vez para lutar pelo Impeachment do então Presidente Fernando Collor de Mello, que teve seu mandato cassado no mesmo ano. O movimento teve forte adesão dos estudantes que ficaram conhecidos como “Caras Pintadas”, pois pintavam seus rostos em ato de protesto.
Os estudantes universitários sempre foram o fio condutor de todo Movimento Estudantil. E o principal meio que encontraram para terem equivalente “representatividade” dentro da universidade, foi a criação dos Centros Acadêmicos.

No Brasil, um Centro Acadêmico é uma entidade estudantil que representa, normalmente, os estudantes de um curso de nível superior. Algumas de suas funções são: a organização de atividades acadêmicas extracurriculares como debates, discussões, palestras, semanas temáticas, recepção de calouros e realização de projetos de extensão; encaminhamento, mobilização e organização de reivindicações e ações políticas dos estudantes; mediação de negociações e conflitos individuais e coletivos entre os alunos e a faculdade; realização de atividades culturais como feiras de livros, festivais diversos, entre outros.

Os centros acadêmicos são formados, de maneira geral, a partir da associação de estudantes. A relação que o C.A. estabelece com as instâncias burocráticas da instituição pode se dar de forma direta, sendo parte desta estrutura; ou de forma independente, sendo a entidade estudantil livre de qualquer tipo de interferência institucional.
Na história do Brasil, os centros acadêmicos estiveram à frente de muitos acontecimentos, desde a Segunda Guerra Mundial até o movimento “Diretas Já”, sem contar a luta pela democracia durante o Regime Militar, quando muitos estudantes acabaram figurando entre as listas de mortos e desaparecidos.

Fontes:

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