Centros Acadêmicos de Direito e História tem pouca participação dos alunos
Uma pesquisa realizada com estudantes dos cursos de Direito e História da Universidade de Sorocaba chegou à conclusão de que a participação deles junto aos Centros Acadêmicos (CAs) é pequena. Esta era a principal hipótese levantada pela agência Atma já no início da elaboração da pesquisa.
Para comprovar essa realidade e detectar demais aspectos que a caracterizam, os alunos de jornalismo aplicaram um questionário com os estudantes de todos os períodos e turnos dos cursos. Em seguida, para entender melhor a atuação de cada entidade representativa, foram realizadas entrevistas em profundidade com alunos e também com integrantes dos CAs.
Centro Acadêmico de Direito
“Alexandre Vannucchi Leme”
O CA de Direito foi criado em 2000, registrado em cartório, e até hoje mantém seu primeiro estatuto. Após dois anos de inatividade, alunos de diversos períodos do noturno se uniram em 2008 para reativar o Centro Acadêmico, pois o consideram instrumento importante de representatividade estudantil, servindo como um centro onde as forças se encontram. Quem nos conta como isso se deu é o atual presidente, Igor Rafael Agostinho, do 4º período noturno.
Agostinho assumiu a presidência do Centro Acadêmico de Direito na última semana de outubro, quando foi realizada uma “votação” para a aceitação da chapa, já que não houve concorrentes, como da “eleição” anterior. Este é o segundo mandato do grupo, formado em setembro de 2008 por dez alunos. No primeiro ano, Agostinho atuava como vice-presidente e admite que na primeira gestão pouco foi feito. “Nosso foco era iniciar um processo de integração com os alunos e também a luta por um espaço físico para o CA”, afirma.
Este espaço a que ele menciona foi conseguido. Em setembro de 2009, ao final da gestão de reativação, uma sala foi cedida para uso de todos os Centros Acadêmicos. A estrutura ainda é modesta, mas já é o primeiro passo, diz.
Mas apesar dessa conquista e do reinício de uma representação perante a universidade, muitos alunos reclamam da fraca atuação da entidade. Nas pesquisas foram constatadas falhas na comunicação com os alunos, na divulgação dos eventos e críticas ao que é realizado. No primeiro ano, as ações eram voltadas a eventos sociais, primordialmente churrascos para reunir os alunos.
O estudante de direito do 6º período William Eduardo Barros de Abreu diz que não foi informado sobre a eleição, nem mesmo este ano, o que aponta pesquisa, em que o percentual de alunos que votou foi de 8%. Ele reclama também que não há integração dos alunos com o CA. Um dos motivos seria a descrença dos estudantes quanto sua força representativa.
Porém, Agostinho acredita no potencial do CA enquanto porta-voz dos interesses do corpo discente, inclusive na luta por uma aproximação com a reitoria, que se mantém distante do alunos. Para esta segunda gestão, pretende ampliar as ações voltadas ao meio acadêmico, como palestras e excursões, a criação de uma carteirinha para geração de renda e benefícios aos filiados e uma atuação mais forte politicamente, na universidade.
Centro Acadêmico de História
“Marilda Silva Costa”
Depois de dois anos sem representantes, como ocorreu com o CA de Direito, alunos dos três anos do curso de História reativaram o Centro Acadêmico em julho de 2009. Oito integrantes formaram a única chapa a concorrer às eleições.
Segundo Raquel de Noronha, representante de classe do 4º período de História, a votação foi adiada para que houvesse um tempo de discussão e uma possível inscrição de chapa concorrente. Ela diz que os alunos só tomaram conhecimento da eleição um dia antes da primeira data marcada. Porém, apesar do tempo, não houve interesse dos alunos.
O vice-presidente do CA, João Antonio Aranha, do 2º período, admite que o Centro Acadêmico não é bem aceito pelos estudantes. Ele diz que muitos alunos criaram uma certa inimizade coma entidade por acreditar que haja uma influência partidária, já que alguns membros são filiados de partidos e também participam do Diretório Central de Estudantes (DCE) da Uniso.
Raquel é contra essa dupla participação, de integrantes do CA serem também do DCE, assim como serem filiados a partidos e até representantes de classe. Mas além das críticas aos integrantes, ela percebe que os estudantes tendem a enxergar a política como algo distante, de Lula e Serra, e não como algo a ser trabalhado no cotidiano. O Centro Acadêmico então deveria atuar estimulando esse entendimento e uma participação por parte dos alunos, o que ela diz não acontecer.
Aranha concorda que deveria haver uma maior movimentação da diretoria, mas reclama que os alunos pouco se interessam. A única ocasião em que ele percebeu uma discussão foi quanto ao aumento das mensalidades das licenciaturas, em que os alunos se uniram para debater.
Fora essa situação, apesar dos incentivos, ele diz que só ouve críticas, mas não há participação, sugestão, envolvimento. Aranha completa dizendo que esta distância vem do próprio conceito que os alunos tem do CA, que seria a diretoria. “Eles não enxergam que o CA são os alunos, todos eles, e não só os integrantes representativos”, conclui.
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